De Setubal para Lisboa

Parece estar a nascer agora um novo debate nacional!!! As portagens à entrada dos grandes centros urbanos como já se faz em algumas capitais europeias. Lembro-me aqui do povo que diz «com o mal dos outros posso eu bem»! Portugal não pode ter esta pretensão de seguir a matriz de países de outra dimensão e grau de desenvolvimento, sob pena de se tornar o novo-rico da «sociedade das nações». No sentido restrito do assunto em causa, diria que não temos o mesmo sistema de transportes ou, no sentido lato, afirmaria que, do mesmo modo, também estamos longe do padrão social desses países que tentamos agora imitar. O esforço não é igual para todos e se o governo optar por estas medidas, ditas ambientais, para impedir a entrada de veículos com toda a sua poluição nos grandes centros urbanos, parece que não conseguirá mais do que estratificar melhor as suas camadas sociais. As portagens à entrada dos grandes centros urbanos em Portugal poderão vir a ser na realidade portagens para passar de uma camada social para outra. Uns, mais pobres, poderão achar impeditivo o preço para entrar com o seu carro utilitário numa cidade, enquanto a outros, mais ricos, não fará qualquer diferença no orçamento, o pagamento de mais esta ou aquela portagem para entrar no mesmo centro urbano. Este é o tipo de acasos competitivos das economias de mercado modernas, em que não há obviamente qualquer preocupação ambiental ou social.

A classe governante não se pode esquecer que, como exemplo, hoje em dia já há milhares de automobilistas que pagam todos os dias para irem trabalhar diariamente para Lisboa, usando as duas pontes existentes, atravessando as portagens da A2, ou fazendo a travessia do tejo nos cacilheiros.